Um rally diferente...
Texto e fotos: Idário Café Araújo
O Rally Bolpebra percorreu cerca de 1.700 km passando por Bolívia, Peru e Brasil |
Jean Azevedo |
Quando chegou o convite para acompanharmos a 5ª edição do Rally Bolpebra, não imaginávamos que uma grande aventura estava por vir. Malas prontas, equipamentos nas costas e lá fomos nós, para durante quatro dias percorrermos cerca de 1.700 km, passar por três paises e terminar a aventura a quase 4.800 metros de altitude, em Cuzco, no Peru.
Na mesma pista onde foi disputado o Latino-americano de Motocross, em julho passado, os 48 pilotos inscritos na competição aceleraram no prólogo para definir a ordem de largada. No dia seguinte, sob um calor de quase 40ºC as cinco da manhã, os pilotos partiram rumo a Cobija, já em território boliviano. Para esta fase, estavam previstas três especiais contra o relógio. A primeira, de 106 km, foi disputada em estradas rápidas e com média horária elevada.
Em seguida, os pilotos foram para a segunda especial, desta vez num trecho mais travado, percorrendo uma parte da selva amazônica boliviana. Tudo ia muito bem até que uma típica chuva da região acabou derrubando àrvores na metade da última especial levando a direção de prova a cancelar o percurso. Neste dia, o vencedor foi Jean Azevedo, que em Cobija comentou os aspectos do primeiro dia. "Achei interessante os lugares por onde passamos, no entanto o percurso era muito curto", relatou o piloto que está acostumado a provas como o Dakar, onde acontecem especiais de 300 km ou mais.
Dimas Mattos |
Em Cobija, na Bolívia, fomos recebidos pelas autoridades locais, que trataram de fechar a praça central e transformá-la em parque fechado, secretaria e uma sala de imprensa. Enquanto assistíamos ao briefing, que traria informações do segundo dia, a tal chuva voltou despencar sobre a cidade. Para evitar riscos, a organização voltou a cancelar um dos trechos, reduzindo o segundo dia a duas especiais. Na primeira, os pilotos deixaram o território boliviano de volta ao Brasil e aceleraram por cerca de 200 km quilômetros de estradas. Depois, deslocaram-se para a segunda etapa do dia que contou com cerca de 45 km.
Com o apoio do piloto local João Tagino, consegui emprestada uma Honda Tornado com a qual pude percorrer todos os trechos por onde a prova passou. Fomos ver de perto o que prometia ser um verdadeiro teste de resistência na última especial.
Depois de uma travessia de canoa, chegamos à Fazenda Filipinas, onde iniciava o trecho especial. O terreno começa com um pasto, depois entrava numa pequena floresta, volta para a travessia de um terreno alagado e finalizava dentro de uma mata fechada com muitas raízes, troncos e travessia de seis igarapes. Para Dimas Mattos, que se prepara para enfrentar seu primeiro Dakar em 2007, aquele trecho da prova foi quase um passeio, mas excelente para aguçar a técnica de pilotagem. "A todo o momento havia mudanças de direção, uma raiz exposta ou coisa parecida", comentou o piloto. Novamente, Jean Azevedo foi o vencedor na classificação geral.
José Hélio Oliveira |
Robert Nahas |
A parada do segundo dia para descanso, foi em Puerto Maldonado, já no Peru. Ali, instalados no Hotel Quinta Cabana, pudemos admirar uma infinidade de motos de baixa cilindrada percorrendo as ruas da cidade. Segundo as autoridades locais, existe na cidade cerca de uma moto por cada 3 habitantes, lembrando que a cidade tem cerca de 50.000 habitantes.
Para o terceiro dia de competição, a organização prorrogou o horário de largada para as 10h da manhã, já que a última especial teria apenas 15 km, distância reprovada pela maioria dos pilotos que esperavam acelerar mais. A caminho da largada, Jean Azevedo detectou problemas com sua moto e antes de largar, concluiu que o óleo do motor havia vazado. Foi neste momento que prevaleceu o famoso espírito do Rally, unidos, os pilotos ajudaram Jean a abrir o motor e reparar o defeito. "Não queríamos que o Jean ficasse fora da prova, então unimos forças e cada um ajudou como pode para reparar o problema", contou Ricardo Medeiros que voltou cerca de 10 km, para comprar óleo de motor. Nesta especial, o vencedor acabou sendo o piloto rondoniense João Tagino.
|
O dia terminou na pequena cidade de Mazuco, ao pé das montanhas. Ali fomos recebidos na escola Simon Bolivar, onde foi servido um suculento jantar, capaz de fazer alguns pilotos passarem duas vezes na fila. Em agradecimento a maneira que nos acolheu, a organização da prova doou a escola um computador.
Acomodados em alojamentos nas salas de aula, os pilotos descansaram para o último dia de competição e a subida das enormes montanhas.
As sete da manhã do quarto dia, em comboio, os pilotos partiram para subir cerca de 3.000 metros de altitude. Nessa situação, os pilotos tiveram de andar devagar para não terem problemas físicos com o ar rarefeito e a perda de potência nas motos.
Enquanto subiam os Andes Peruanos, os pilotos aproveitaram para admirar o visual deslumbrante daquela região do planeta. "O visual eram incrível quando chegamos na parte mais alta da montanha, porém o frio - cerca de 5ºC - foi o que mais desgastou", relatou o piloto José Hélio Oliveira.
A chegada da competição foi na Praça das Armas, no centro histórico de Cuzco, onde fomos recebidos pelo presidente da Federação de Motociclismo Peruana, que logo após a chegada fez a premiação aos vencedores da competição. Jean Azevedo ficou em primeiro na classificação geral, Dimas Mattos foi o segundo, o terceiro foi José Helio, Robert Nahas pilotando um quadriciclo foi o quarto colocado, e João Tagino o quinto.
Curiosidades: - Quinze pilotos peruanos participaram da competição que acabou valendo para o Campeonato Peruano de Rally, Victor Gurzo foi vencedor pilotando uma Honda Tornado.
- Em Cuzco, qualquer corrida de táxi não sai por mais de R$ 3,00, no entanto a cerveja é quente e custa R$ 7,00.
- Em Cobija, na Bolívia, o litro da gasolina custava R$ 1,00, mas nenhum piloto brasileiro pode encher o tanque por lá!!!
- Durante as especiais realizadas em trecho de selva, tivemos o apoio do Batalhão de Selva do Exército Brasileiro e Boliviano.
- Durante a prova, o Exército Brasileiro disponibilizou uma viatura, com quatro soldados que montaram em todas as paradas de descanso uma antena via satélite para a transmissão de notícias e imagens.
Agradecimentos especiais: - Gostaríamos de agradecer ao piloto João Tagino, ao mecânico "Marreta" e à Real Norte, que forneceram a moto e o apoio para a cobertura da prova.
- A ASW, pelo fornecimento das roupas e equipamentos de segurança.
- Ao Bento e ao Rubens, de Rio Branco, que nos deram dicas valiosas de lugares para fazermos as melhores fotos da competição. Obrigado a todos!!!
Classificação Final
1 |
Jean Azevedo |
3.42.54,5 |
,0 |
Sao Paulo |
2 |
Dimas Matos |
3.52.26,3 |
931,8 |
Mogi das Cruzes |
3 |
Jose Helio |
3.54.43,8 |
1149,3 |
Sao Paulo |
4 |
Roberto Nahas |
3.59.02,9 |
1608,4 |
Sao Paulo |
5 |
Joao Tagino |
3.59.22,8 |
1628,3 |
Porto Velho |
6 |
Jefferson Cogo |
3.59.56,1 |
1701,6 |
Rio Branco |
7 |
Rodolpho Matheis |
4.03.33,2 |
2038,7 |
Petropolis |
8 |
Marcos Rainho |
4.11.51,9 |
2857,4 |
Porto Velho |
9 |
Ricardo Medeiros |
4.18.22,8 |
3528,3 |
Sao Luis |
10 |
Riderson Rocha |
4.19.03,1 |
3608,6 |
Rio Branco |
11 |
Junior Damasceno |
4.22.13,1 |
3918,6 |
Rio Branco |
12 |
Americo Gaia |
4.28.01,4 |
4506,9 |
Rio Branco |
13 |
Aluizo Veras |
4.28.06,6 |
4512,1 |
Rio Branco |
14 |
Dennis Bodstein |
4.28.06,7 |
4512,2 |
Rio de Janeiro |
15 |
Jean Pierre |
4.28.39,8 |
4545,3 |
Sao Paulo |
16 |
Emerson Figueiredo |
4.33.52,7 |
5058,2 |
Rio Branco |
17 |
Genaro Russo |
4.33.57,9 |
5103,4 |
Santos |
18 |
Beto Silva |
4.38.09,6 |
5515,1 |
Rio Branco |
19 |
Vicente de Benedictis |
4.41.12,3 |
5817,8 |
Sao Paulo |
20 |
Victor Arimuya |
4.44.18,7 |
10124,2 |
Madre de Dios |
21 |
Assis Lima |
4.46.42,1 |
10347,6 |
Rio Branco |
22 |
Vincenzo Gurzi |
4.55.02,0 |
11207,5 |
Sao Paulo |
23 |
Pedro Pacheco |
4.57.34,0 |
11439,5 |
Madre de Dios |
24 |
Marco Antonio |
5.06.11,6 |
12317,1 |
Para de Minas |
25 |
Ronnie Peterson |
5.13.36,4 |
13041,9 |
Guaruja |
26 |
Hans Ramirez |
5.19.57,2 |
13702,7 |
Puerto Maldonado |
27 |
Glenn Guerovich |
5.22.32,2 |
13937,7 |
Madre de Dios |
28 |
Manuel Villegas |
5.27.28,6 |
14434,1 |
Puerto Maldonado |
29 |
Marlon Nicolas |
5.38.23,6 |
15529,1 |
Puerto Maldonado |
30 |
Antonio Sequeira |
5.45.38,2 |
20243,7 |
Sao Paulo |
31 |
Silvano Gomes |
5.53.34,4 |
21039,9 |
Boca do Acre |
32 |
Glauco Cella |
6.04.39,8 |
22145,3 |
Porto Velho |
33 |
Abrahão Oliveira |
6.51.13,6 |
30819,1 |
Rio Branco |
34 |
Miguel Gutierrez |
6.53.25,8 |
31031,3 |
Puerto Maldonado |
35 |
Alan Schipper |
7.03.07,6 |
32013,1 |
Puerto Madonado |
36 |
Walter Chamorro |
7.21.06,8 |
33812,3 |
Cuzco |
37 |
Rodolfo Perez |
7.27.40,3 |
34445,8 |
Cuzco |
38 |
Augusto Corsino |
7.33.00,0 |
35005,5 |
Rio de Janeiro |
39 |
Walrren Walter |
7.37.31,5 |
35437,0 |
Cuzco |
40 |
Juan Eduarco |
7.40.23,4 |
35728,9 |
Cuzco |
DSC |
Giani Freitas |
99.99.99,9 |
|
Rio Branco |
DSC |
Aldo Martin |
99.99.99,9 |
|
Puerto Maldonado |
DSC |
Hamurabi Mesquita |
99.99.99,9 |
|
Rio Branco |
DSC |
Aldo Nelio |
99.99.99,9 |
|
Puerto Maldonado |
DSC |
Antonio Chavez |
99.99.99,9 |
|
Puerto Maldonado |
DSC |
Oswaldo Dias |
99.99.99,9 |
|
Rio Branco |