Adeus gasolina, onde é a tomada?Redação MotoX.com.br - Texto e fotos: Lucídio Arruda
A Moto elétrica Zero MX, versão off road da marca |
Vivemos tempos interessantes, principalmente no ramo da indústria de veículos automotores. Parece que finalmente chegamos à era onde o homem busca a substituição da matriz energética que move o Mundo. Não significa que vamos nos livrar da dependência do petróleo tão cedo, mas as novidades para a sua substituição pipocam ao redor do mundo numa velocidade cada vez maior.
A vertente dos veículos elétricos é a que tem ganho mais força ultimamente e no exterior os veículos híbridos, que combinam motores à explosão e elétricos, assim como os veículos exclusivamente elétricos já estão disponíveis ao cidadão comum.
É claro que o mundo off-road não poderia ficar de fora dessa revolução e as novidades partiram a princípio, não dos grandes fabricantes, mas de pequenos inventores que dominam a tecnologia elétrica.
Zero Motorcycle
Zero MX |
Para extrair o melhor da motocicleta elétrica no fora de estrada é preciso reaprender a pilotar |
A Zero partiu do sonho de um ex-engenheiro da Nasa que uniu sua paixão pelas duas rodas com o conhecimento sobre as novas tecnologias. Antes de projetar a primeira motocicleta Neal Saiki desenvolveu mountain bikes top de linha para marcas como Trek e Santa Cruz.
O modelo MX foi o primeiro a sair da linha de produção da Zero Motorcycle no início de 2008. Com um grande grau de verticalização, a maior parte dos componentes foi desenvolvido e é produzido dentro das instalações da própria fábrica.
Desde os primeiros traços na prancheta o modelo foi pensado para uso exclusivo com propulsão elétrica. O quadro de alumínio aeronáutico é soldado manualmente e destaca-se pela "caixa" que abriga a bateria.
Projetado para pesar o mínimo possível utiliza freios de mountain bike. O acionamento do freio traseiro é na mão esquerda assim como as bicicletas. As suspensões são da Fast Ace, mesma marca que equipa a
Tokens que apresentamos há poucos dias.
O banco é praticamente reto com uma densidade de espuma bem rígida, ideal para o off-road. Os plásticos, todos brancos, são produzidos pelo processo de termo-formação ficando mais rígidos sem a desejada flexibilidade dos injetados.
O painel da MX tem um indicador de leds que informa a carga da bateria e dois botões de controle da potência. O botão da direita seleciona o moto de potência: total para desempenho máximo ou econômico para maior autonomia. Podemos dizer que esta varia de cerca de 30 minutos "enfiando a mão" até 2 horas passeando na maciota.
Impressões ao pilotar
Fomos convidados para o test-drive organizado pela Izzo Motors no Parque Villa Lobos em São Paulo. O circuito, curiosamente montado no mesmo local que abrigou o saudoso Arena Park, conhecido circuito de Supercross da capital paulista da década de 80, incluia um trecho do estacionamento pavimentado com duas retas ao redor de cem metros e também um trecho de chão de terra além dos barranquinhos gramados ao redor.
Ligamos a chave, selecionamos o modo de potência... e nada! A única coisa que indica que a Zero está ligada são os leds acesos no painel. Mas basta girar o acelerador que ela dispara.
Com peso ao redor dos 70 quilos e cerca de 23 cavalos de potência a Zero parte com rapidez. Quando falamos de peso temos que lembrar que, ao contrário dos modelos "normais", as elétricas pesam exatamente a mesma coisa tanto "zeradas" quanto completamente "abastecidas". Ela não tem aquele "coice" das motos de cross a que estamos acostumados, mas um ganho de velocidade linear. A velocidade cresce rapidamente, mas a falta de uma embreagem e o tipo de entrega do torque dificultam manobras como um empinada por exemplo.
Chegamos à curva e por instinto o pé direito vai procurando em vão o pedal do freio traseiro. Leva um tempo para acostumar com ambos os freios nas mãos, mas percebemos logo de cara que são muito eficientes, não devendo nada às motos
especiais de cross.
Como não há tanque de combustível, radiador, escape e demais ítens obrigatórios nos modelos à combustão o corpo da moto é bastante estreito facilitando a movimentação do piloto.
Assim como o visual indica, a pilotagem fica um meio termo entre entre o mountain bike e o motocross. Nos saltos por exemplo o que vai te lançar para frente é a velocidade adquirida, um "tiro" com o motor não te ajuda a alcançar alguns metros a mais.
O baixo peso colabora nas curvas e a maneabilidade em trechos travados é excelente. Em velocidades mais altas ela não gosta de "cair" para dentro da curva, com uma certa tendência de abrir a trajetória. A pilotagem requer adaptação em alguns recursos que usamos no off-road. Um "brake slide" seguido de uma derrapagem controlada é mais difícil de aplicar, nesta hora sentimos novamente a falta de uma embreagem.
Ruídos
O único som que a Zero produz é o da corrente de transmissão que encobre inclusive os ruídos do motor elétrico extremamente silencioso. Ela elimina um dos principais problemas que inclusive já fechou muitas pistas que é o ruido excessivo das motocicletas atuais, problema que foi agravado com o advento dos recentes modelos 4 tempos.
Com a Zero você pode montar um pista em seu quintal que não vai incomodar a vizinhança. Pelo menos o barulho do escapamento não será motivo para despertar a ira dos vizinhos.
Zero DS
Zero DS |
Com o sucesso da MX a Zero decidiu também lançar modelos urbanos para uso no tráfego das cidades. Andamos também com a Zero DS, modelo trail que compartilha a mesma plataforma da Zero S "Supermotard". A principal diferença entre as duas são os pneus tipo street na S e mistos na DS. Inclusive o pneu dianteiro da DS é bem biscoitudo, mais off do que on.
A DS vem completamente equipada para homologação em uso urbano. O esqueleto da moto cresceu com um quadro de alumínio de dupla trave tipo "Deltabox" comportando não só uma bateria bem maior, como também um motor elétrico mais potente.
A bateria de alta densidade e capacidade é o principal segredo da Zero |
A DS incorpora o regulador de voltagem embaixo do motor e para recarregar a bateria basta ligá-lo em qualquer tomada elétrica. No modelo MX esse regulador de voltagem é separado para perder peso final.
Apesar de mais pesada, a DS mostra um maior vigor na aceleração e mais fôlego em altas velocidades. A posição de pilotagem é um pouco mais relaxada, mas ainda mantendo a postura trail com o assento bem alto.
O comando do freio traseiro está localizado na posição tradicional, no pé direito. Entretanto a potência de frenagem do conjunto não foi tão forte quanto a experimentada no modelo MX, talvez pelo peso maior da DS.
Com uma boa agilidade em trânsito urbano, apesar da velocidade máxima pouco abaixo dos 100 km/h, a DS permite também encarar os passeios pela terra sem maiores problemas.
Conclusão
Com baixo peso e ruidos, e sem emissões a Zero MX entrega diversão em qualquer espaço. |
A autonomia ainda é o calcanhar de aquiles na disseminação dos veículos elétricos. Não só puramente pelo alcance, mas também pelo tempo de "reabastecimento" já que a recarga da bateria pode levar entre 1 e 4 horas no caso da Zero. Enquanto os modelos de quatro rodas adotam soluções híbridas para amenizar este problema, esta solução nas motocicletas é inviável pela falta de espaço.
Entretanto a tecnologia do sistema de armazenamento da energia evolui rapidamente e este é um dos segredos da Zero guardados a sete chaves. Neal Saiki desenvolveu uma bateria íon-lítio não só com grande densidade, capaz de armazenar mais carga num espaço menor, como também conseguiu despejar essa carga no motor em alta potência sem superaquecimento. Com isso desenvolveu um veículo não apenas prático, mas também divertido.
Enquanto a Zero é relativamente cara em seu país de origem, Estados Unidos, aqui no Brasil as coisas ficam ainda mais complicadas.
Como não há ainda uma categoria tributária para as motos elétricas nossas autoridades simplesmente aplicaram as alíquotas máximas possíveis. Assim um veículo que deveria ter sua comercialização incentivada foi penalizado com tantos tantos impostos quanto uma 1000cc.
Para contornar isso o Grupo Izzo está programando a montagem dos modelos em Manaus assim como pressionando os legisladores em busca de uma categoria tributária pelo menos mais justa.
Esporte - A Zero MX ainda não é uma solução definitiva para substituir nossas motocicletas de cross ou enduro à explosão. Deve ser encarada como uma novidade que abrirá novos espaços e possibilidades. Como pistas em locais urbanos e eventos em ambientes fechados sem carregar o ar com poluentes e gases tóxicos.
É tão divertida quanto uma moto de cross? Numa pista normal não seria, mas num ambiente mais apropriado como uma pista de pit bikes ou um belo traçado em seu quintal você vai querer acelerar até secar o tanque! Opa, descarregar a bateria.
O preço sugerido para a Zero MX é de R$ 34.900,00 e para a Zero DS é de R$ 39.900,00.
Veja também:
- Nosso futuro será elétrico?
- Vídeo com a apresentação da moto
Ficha Técnica
Zero MX
Tipo |
Elétrico de magneto permanente com escovas |
Potência |
23 CV |
Torque |
67,7 Nm |
Velocidade máxima |
80 km/h |
Transmissão |
Uma marcha sem embreagem |
Transmissão secundária |
Corrente |
Bateria |
Íons de lítio |
Capacidade |
2 kWh ( 58 volts @ 35Ah) |
Autonomia |
Até 64 km ou duas horas de uso |
Tempo de recarga |
Inferior a 2 horas |
Alimentação |
110 / 220 volts |
Quadro |
Alumínio aeronáutico com tubos hidroformados |
Suspensão dianteira |
Hidráulica Invertida com 203 mm de curso e regulagem de compressão e retorno |
Suspensão traseira |
Balança de alumínio com 229 mm de curso e amortecedor a gás com regulagem de pré-carga e retorno |
Freio dianteiro |
Disco simples com pinça de quatro pistões |
Freio traseiro |
Disco simples com pinça de quatro pistões |
Roda dianteira |
Raiada, aro 19 |
Pneu dianteiro |
19"x 3" |
Roda traseira |
Raiada, aro 17 |
Pneu traseiro |
17"x 3,5" |
Altura do assento |
910 mm |
Angulo de caster |
24 graus |
Trail |
N/D |
Peso |
70,75 Kg |
Características: |
Painel de fácil visualização; Quadro de alumínio endurecido e anodizado; Freio dianteiro e traseiro com acionamento no guidão; Botão localizado no painel para seleção da potência e velocidade |
Garantia |
2 anos |
Zero DS
Tipo |
Elétrico de magneto permanente com escovas |
Potência |
31 CV |
Torque |
84,6 Nm |
Velocidade máxima |
90 km/h |
Transmissão |
Uma marcha sem embreagem |
Transmissão secundária |
Corrente |
Bateria |
Íons de lítio |
Capacidade |
4 kWh ( 58 volts @ 70Ah) |
Autonomia |
Até 80 km |
Tempo de recarga |
Inferior a 4 horas |
Alimentação |
110 / 220 volts |
Quadro |
Alumínio aeronáutico |
Suspensão dianteira |
Hidráulica Invertida com 254 mm de curso e regulagem de compressão e retorno |
Suspensão traseira |
Balança de alumínio com 229 mm de curso e amortecedor a gás com regulagem de pré-carga e retorno |
Freio dianteiro |
Disco flutuante com pinça flutuante de dois pistões |
Freio traseiro |
Disco simples com pinça flutuante de um pistão. |
Roda dianteira |
Raiada, aro 17 |
Pneu dianteiro |
3.25 -17 |
Roda traseira |
Raiada, aro 16 |
Pneu traseiro |
110/90-16 |
Altura do assento |
902 mm |
Angulo de caster |
26 graus |
Trail |
82,8 mm |
Peso |
122,5 Kg |
Características: |
Painel analógico/digital; Sensor de temperatura do motor; Baixo centro de gravidade; Carenagem frontal com farol redondo |
Garantia |
2 anos |